Na sua luta contra a censura na China, o Google recebeu apoio de um inesperado aliado: Bill Gates. Afastado do comando da Microsoft, mas ainda o maior detentor de suas ações, Gates, numa entrevista ao jornal The New York Times, defendeu o rival, mas também não deixou de alfinetá-lo. "Eles não fizeram nada (para evitar a censura) e merecem bastante crédito por ela", disse.
Desde os ataques de hackers, supostamente chineses, o Google e o governo da China se desentendem a respeito da censura às buscas. Em 2006, ao entrar no mercado chinês, o Google aceitou censurar dezenas de expressões e temas, como o massacre de Tianamen e a luta pela libertação do Tibet, em seu site. Depois da descoberta de que e-mails de ativistas de direitos humanos foram espionados, o Google passou a denunciar a censura.
Bill Gates, no entanto, ironizou a ameaça do Google de deixar a China, lembrando que praticamente todos os países têm algum tipo de lei ou política controversa sobre a internet, inclusive os Estados Unidos, onde a companhia domina 66% das buscas. "Agora, se o Google escolher deixar os Estados Unidos, dou a eles o crédito".
Ele também rejeita a especulação de que o Google é monopolista. "Eu não chamaria ninguém de monopolista", disse Gates, alvo da mesma acusação durante anos - até o surgimento da companhia rival. Gates preferiu definir o Google como uma "companhia hiper bem sucedida", colocando-a na pequena elite das empresas de tecnologia: IBM, AT&T e Microsoft.