A expectativa é para ver o que o mágico da Apple vai tirar da cartola desta vez
Às 16h (horário de Brasília) desta quarta-feira, Steve Jobs, o principal executivo da Apple, subirá ao palco no Centro de Artes Yerba Buena, em San Francisco, Estados Unidos, para encerrar a maior expectativa dos últimos tempos no mundo da tecnologia. Nada foi tão citado, discutido, analisado e especulado nos últimos dois meses quanto a próxima geração de aparelhos da marca. É tema das notícias mais lidas nos sites dos principais jornais do mundo e mobilizou blogs e análises sérias sobre como mudará o mercado para praticamente toda a indústria do entretenimento - livros, jornais, revistas, games, TV. Como em um truque de mágica, "a revelação" ficou para o fim. Espera-se a sério que mude o mundo. E o mais fascinante: ninguém sabe exatamente o que é.
O lançamento marca uma estratégia de mestre da Apple, que conseguiu criar expectativa sem dar - de maneira oficial - nenhuma pista a respeito do que será apresentado. Milhares de jornalistas e blogueiros que cobrem as áreas de mídia e tecnologia se viram, então, envolvidos na busca desesperada por informação - qualquer informação - sobre qualquer indício a respeito do dispositivo.
Todos os rumores apontam para um tipo de tablet que pode ser revolucionário ou não, dependendo do que se especula a respeito. Um aparelho capaz de salvar a combalida indústria de jornais e revistas, fazer editoras ganharem mais do que recebem com o Kindle, da Amazon, atrair jogadores de games e dar às TVs a chance de faturar com a venda de conteúdo para a internet. Custaria entre US$ 600 e US$ 1,000. Nada, porém, confirmado.
Se ninguém sabe nada, por que tanto frenesi?
"A razão pela qual todos nós escrevemos sobre a Apple é porque todo mundo gosta de ler sobre a Apple. Até quem odeia a Apple", disse ao jornal The New York Times Matt Buchanan, editor contribuinte do site Gizmodo.
Sem protótipos
Como organização, a Apple demonstrou ser capaz de guardar um segredo. Nem mesmo parceiros da companhia souberam o que terão de produzir no futuro para atender ao novo aparelho. "Outras companhias lançam versões beta, deixam o público experimentar e então recebem um feedback", exemplificou ao jornal Steven Levy, da Wired. "Com a Apple, eles não dizem nada, fazem suspense e então dizem 'Aqui está. Podem discutir'. Outras companhias não têm a displina na alma para fazer o mesmo".
Até mesmo o mágico David Blaine costuma chamar Steve Jobs de "o último showman". A estratégia, claro, traz riscos. A Apple TV foi anunciada com a mesma expectativa e acabou se mostrando um fracasso. E o iTunes precisou de tempo para emplacar. Mas ao mesmo tempo lançamentos como o iPhone se beneficiaram do "marketing do silêncio".
Não há dúvida que, dando certo ou não depois, a estratégia inicial rende grande publicidade grátis para a Apple. O que pode ser visto na forma como o mundo agora espera Steve Jobs subir ao palco do Centro de Artes Yerba Buena. Vai revolucionar ou não o mundo. Vai mudar ou não a forma como se consome entretenimento. Vai salvar ou não algumas indústrias e dar uma chance a outras de finalmente lucrar com a internet. Mas, claro, só até o próximo lançamento.